CARREIRA
DESENVOLVIMENTO HUMANO E
EMPRESARIAL

Liderança: Isso é realmente importante em sua equipe?
Por Sérgio David


Liderança: Isso é realmente importante em sua equipe?

Qual o sentido da palavra liderança? É, realmente, uma competência imprescindível para ascender no mercado de trabalho? E, para você, é importante? Você sabe identificar um líder em sua equipe?

Estava pensando sobre essa questão ao lembrar de algumas experiências que vivi em empresa.

Me parece ser uma situação comum que o mercado maximize a importância da competência liderança dentro das organizações. Ou melhor, aparentemente, potencializam a importância de uma série de características que, julgam compor o perfil de liderança. Como se, ser líder, fosse o norte para todas as carreiras. De tal forma que, a ausência deste elemento no perfil de um profissional pudesse invalidar todas as demais competências apresentadas por ele. Ou o profissional é um líder ou não serve para cargos de maior responsabilidade.

Como consultor de Recursos Humanos, acompanhei uma situação que ilustra bem a confusa relação que se estabelece entre gestores e colaboradores e esta competência.

Um analista de Recursos Humanos Sênior da área de T&D, atuava numa empresa já fazia alguns anos, quando a área recebeu uma nova gerente. Este analista desenvolvia e conduzia programas de treinamento que traziam satisfação aos clientes e resultado para a empresa. Também criava e fazia gestão de projetos de desenvolvimento que atendiam plenamente aos seus clientes internos. Ao encontrar, em sua equipe, alguém tão preparado, a nova gerente resolveu oferecer-lhe alguns novos desafios. Um deles, envolvia o planejamento estratégico e tomada de decisão quanto a implantação de um novo departamento. Outro, previa que este profissional compartilhasse com um colega, a gestão de novos projetos, em uma unidade de RH num site de outra cidade. No primeiro, ele apresentou algumas dificuldades – hesitou ao tomar decisões importantes – e o outro ele, polidamente, recusou, por não considerar interessante para sua carreira, ir para tão longe e desenvolver um trabalho semelhante ao que já desenvolvia em seus projetos. Embora tenha continuado a desenvolver bem seu trabalho e a trazer resultados e prestígio para a área, a gestora interpretou essas duas situações como falta de liderança, insegurança e “falta de pulso”. A partir de então, grandes projetos e informações pertinentes a sua área, deixaram de ser direcionados a ele. Ela comentava com algumas pessoas, “ela não sabe liderar pessoas”.

A pergunta é: terá sido falta de liderança? E, se foi, terá esse fato, o poder de apagar todas as demais realizações dessa profissional? Será que a liderança é essencial para compor o perfil de qualquer bom profissional?

Ao que tudo indica, para alguns gestores, sim.

Também em processos seletivos que conduzi junto aos requisitantes da vaga, observei fato semelhante. Presenciei excelentes candidatos serem recusados, simplesmente, por não se saírem bem ao serem pressionados em testes situacionais de liderança, propostos pelo gestor. Bom, se a vaga exige fortes traços de liderança, essa conduta do gestor, sem dúvida, é a mais acertada. O fato é que, muitas vezes, trata-se de uma característica de importância secundária para a vaga.

E, de que é composta essa tal liderança afinal? Tenho a sensação que estamos falando de uma deformação física que nem cirurgia plástica é capaz de mudar. Ou de um objeto composto por um único elemento que, se tiver um arranhão em uma das extremidades, estará perdido para sempre.

Liderança é mais que isso. É composta por uma série de elementos, e a não demonstração de um desses elementos, não invalida os demais. Por isso, não acredito que se possa descartar um talento potencial pelo fato deste não apresentar uma, dentre várias características de um líder. Será a tomada de decisão, o elemento universal que define um líder? Ou será que saber lidar com pressão, é o que demonstra que um profissional é líder?

Voltando a analista de RH. Em seus treinamentos de liderança, conduzia com grande habilidade grupos de gestores. E, em seus projetos, era ela quem orientava as equipes de trabalho. Também coordenava as atividades de equipes de instrutores de treinamento, sendo responsável pelo desenvolvimento profissional desse grupo. De fato, nunca tinha assumido um cargo de liderança e, me confidenciou que não se sentia atraída por esses cargos; mas tinha exercido esta função em diferentes situações.

A função de gestor de uma área exige de um profissional uma visão ampla. É preciso saber enxergar competências através das mais diversas atividades e situações. Uma visão restrita pode conduzir o gestor a uma avaliação rígida e equivocada e, o que é pior, a perda de um bom profissional.

Avalie com cuidado para não deixar de perceber características valiosas dentre os integrantes de sua equipe. Liderança vai além do não recuar frente a decisões difíceis ou sair ileso após uma “sessão de tortura” numa dinâmica de grupo.

Considere que liderança, em sua abrangência, pode ser aplicada em diferentes contextos, não só na função de líder. Até porque, nem todos querem ocupar, um dia, a sua posição. Pense que, para a função que o seu liderado ocupa, é possível que as competências que ele apresenta, já dêem conta. Porém, se em sua equipe, o perfil de liderança de equipe for muito importante e, seu liderado não demonstra maturidade em uma ou mais competências, mãos a obra, eis uma grande oportunidade de desenvolvê-lo.

Boa sorte!

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